sábado, 25 de abril de 2009

Pleasure in pain

Este poderia ser um post sobre S&M... mas não é. Sinto se tem gente desapontada.

O separado em questão vai me perdoar a referência (ou não...), mas eu não poderia deixar de comentar. Seja por dor de cotovelo da minha parte, seja pela preocupação de quem ama demais, seja por desejar a felicidade (sua, minha, nossa...), seja pela minha alma inquieta... Que seja!

A questão é que, semanas atrás, eu estava procurando um link entre meus favoritos quando dei de cara com o link de um certo blog. Entre controlar minha curiosidade em saber se ele tinha finalmente sido atualizado, um ano e um relacionamento depois, ou simplesmente clicar, dá pra saber qual foi a escolha, obviamente!

E o que eu li me entristeceu, incomodou e preocupou profundamente! Dois novos posts: um sobre o ponto de vista do separado em relação ao fim do namoro, que tinha começado como muito promissor. O outro, sobre o fim oficial do casamento. Entristeceu por ter visto num blog a resposta, mesmo que vaga, para a pergunta que não queria calar. Incomodou não só por nunca ter me dado conta do tamanho do sofrimento que eu estava presenciando sem notar, mas também pelas fichas que então caíram. Por ter enfim percebido que o namoro, por mais que tivesse começado como promissor, não tinha a menor chance. Por ver que a dor ainda é latente. E, mais ainda, por vê-lo dissecá-la tão avidamente. Preocupou ao ver que eu, alguns meses, casos, recaídas e tentativas de namoro depois, parecia estar indo pelo mesmo caminho!

Não me surpreende nem me amedronta a tristeza. Acho-a muito natural e já achei ser saudável. Digo, sempre fui da opinião de que sentimentos devem ser esgotados, de que relacionamentos devem ser vividos por inteiro, de cabeça, até a última gota. Eu já me peguei várias vezes cultivando e curtindo a tristeza. Hoje em dia eu reservo um espaço bem menor pra ela em minha vida e escolho melhor quando visitá-lo.

Como disse num post anterior, tem um livro no mercado chamado "Ostra feliz não faz pérola", que imagino ser sobre a fonte inspiradora que é a tristeza. Vide a quantidade de poesias, livros, letras de músicas e tudo mais que surgiram como frutos dela. Ela nos impulsiona a, no mínimo, aprender sobre nós mesmos e a evoluir como pessoa. Ela nos incomoda e, assim, nos faz buscar o remédio para a inquietação, uma forma de preencher o vazio.

Sem querer, hoje vi um trecho do "Memória de minhas putas tristes" sobre o assunto:

"(...) tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não foram os amores felizes e sim os contrariados."
(García Márquez, 2005: 75)

A grande pergunta é: qual seriam a medida certa, o tempo certo, o momento certo de parar de sentí-la? E o que fazer quando a gente se cansa e quer virar a página?

Muita gente vai atrás de uma paixão pra curar a dor de cotovelo de outra. Pode ser bom pra alguns, péssimo pra outros. Principalmente para quem tá do outro lado. E pode virar uma bola de neve: B que procura C para cuidar da dor de cotovelo por causa de... E. C então procura F (que ainda pensa em M) para curar a sua. F pode ter que procurar G... e por aí vai. Uma sucessão de corações partidos num mundo de relacionamentos fracassados, que começam fadados ao fim. Simplesmente porque o coração partido tem que primeiro passar pela reforma, depois pela faxina, para então receber o novo morador.

Enquanto pensava no tópico, me lembrava de trechos de algo que li sobre a dor quando era ainda adolescente. Graças ao Google, aqui vai:

"A própria dor deve ter sua medida: é feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor."
(Paulo Mendes Campos)

Algumas semanas atrás, eu me questionava num post se valia a pena investir no carinha bacana. Quase todos os dias, eu me pergunto se estou pronta, se a reforma acabou, se o novo morador pode entrar sem correr o risco de o teto desabar na sua cabeça. Queria muito, mas ainda não tenho a resposta para essa pergunta. O que sei é que continuo acreditando no amor, convicta de que mergulhar de cabeça é a melhor coisa, que todos merecem ser felizes, todos merecem uma chance e de que nunca saberemos como seria se não tentarmos. Sei também que não vou deixar que a dor vire medo de tentar de novo. E que a nova pessoa em minha vida merece o melhor de mim.

E, mesmo com a dor, a saudade, a vontade reprimida e tudo mais de ruim que envolve o fim de um namoro, eu sempre vou lançar meu olhar Poliana sobre tudo o que foi vivido e aprendido, as boas risadas, as boas trepadas, a companhia, o carinho, os filmes, os passeios, a família, os amigos, as músicas, as cartinhas, os cartões, as caixinhas, os bares, as baladas, os restaurantes... Vou lamentar o irremediável, mas vou reconhecer e, indubitavelmente, vou dizer: foi MUITO bom pra mim!

"I don't wanna talk
About things we've gone through
Though it's hurting me,
Now it's history

I've played all my cards
And that's what you've done too
Nothing more to say
No more ace to play

The winner takes it all
The loser standing small
Beside the victory
That's her destiny

I was in your arms
Thinking I belonged there
I figured it made sense
Building me a fence
Building me a home
Thinking I'd be strong there
But I was a fool
Playing by the rules

The gods may throw the dice
Their minds as cold as ice
And someone way down here
Loses someone dear

The winner takes it all
The loser has to fall
It's simple and it's plain
Why should I complain?

But tell me does she kiss
like I used to kiss you?
Does it feel the same
when she calls your name?
Somewhere deep inside
You must know I miss you
But what can I say?
Rules must be obeyed

The judges will decide
The likes of me abide
Spectators of the show
Always staying low

The game is on again
A lover or a friend
A big thing or a small
The winner takes it all

I don't wanna talk
Because it makes me feel sad
And I understand
You've come to shake my hand

I apologize
If it makes you feel bad
Seeing me so tense
No self-confidence
But, you see,
The winner takes it all
The winner takes it all..."

(Meryl Streep, cantando para o Pierce Brosnan, na escada da igrejinha, fim de tarde, em Mamma Mia!)




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