domingo, 21 de junho de 2009

When he just... won´t - part 2

Eu citei alguns exemplos de "when he just... won´t". O pior de todos, talvez, ou simplesmente tão ruim quanto, embora num contexto diferente, ficou cuidadosamente deixado de lado. Mas ele ficou reclamando por ter sido ignorado. E voltou com tudo: "when he just won´t... come back"!

A menina num dia sai de casa um pouco mais arrumada do que de costume, pra ir trabalhar, simplesmente porque é uma véspera de feriado e tem uma esperançazinha de convencer suas amigas a irem botecar com ela depois do seu horário de trabalho anti-social. Depois de algumas divergências quanto ao que querem fazer e ela já ter se conformado com o fato de ir parar num lugar super legal, porém pra jantar sozinha, alguma liga de última hora dizendo que topa seu convite. A amiga se junta à menina e solta um "Ah! Um amigo meu que mora aqui perto vem também!". Ok. O carinha chega, a menina olha pra cara dele, nada demais, começam a conversar, ela o acha um pouco convencido, mas um tanto quanto sarcástico e divertido. De repente, a conversa fica mais centralizada. Daí, a amiga recebe um telefonema do PA e diz que tem que ir, deixando os outros dois sozinhos e desconcertados. Bem articulados que são, engatam logo um papo legal. Ele, estrategicamente, sugere trocarem telefones para os casos de ela não ter compania, uma vez que está recém separado, recém mudado para a região e tudo mais. E ela acaba convidando o moço pra um café... e lhes "arranjam" um cinema, depois vem aniversário do amigo, beijo... e o tal vira namorado. E tudo o que ela sempre tinha sonhado.

Mas nós meninas fomos educadas a sonharmos demais, a nascermos com a expectativa de crescermos, conhecermos o príncipe encantado, nos casarmos lindamente, irmos morar no castelinho e termos filhinhos, sermos eternamente protegidas e amadas pelo príncipe que nunca fica feio e nunca nos abandona, o amor nunca acaba e seremos felizes para sempre. E a gente fica fazendo um esforço excomunal pra ser a mais bonita e a mais perfeita das princesas, simplesmente para ser a escolhida. E, quando somos, fazemos um esforço maior ainda para mantermos tudo isso sempre perfeitinho. E, como também fomos educadas para sermos mães, confundimos as coisas e passamos a querer cuidar do príncipe, numa tentativa mal disfarçada de mostrar-lhe como é que queremos que ele faça conosco. E o pobre do príncipe começa a se sentir sufocado com todo esse conto de fadas mantido a muito esforço, muita expectativa, muitos castelos construídos no ar... e vai se sentindo meio sem ar. Vai perdendo as chances de se expressar. Os dois deixam de mostrar quem verdadeiramente são e o que verdadeiramente sentem um pelo outro. E vem a sensação de que não nos encaixamos naquele contexto, de que nunca nada será suficiente, de que o outro não nos merece por não reconhecer e nem retribuir todo o esforço, por não nos enxergar como realmente somos.

O fim da estória você já sabe. Não tem conto de fadas que resista a uma realidade cheia de tanta expectativa e cobrança. Príncipe moderno, esperto que é, já sabe que neste mundo de hoje, depois de se ter queimado o tal sutiã, é cada um por si. Sabe também que aquele lance de a mulher ter sido criada a partir da costela de Adão para que ele a protegesse é papo da Igreja para tentar nos impor determinadas convenções que muito lhe convêm. Ou onde ficaria a idéia tradicional do casamento, não é?

E as personagens dos contos de fadas modernos, sutiã queimado, não sabem mais ao certo quais os seus papéis. Cada um por si deveria significar que já somos felizes e suficientes sozinhos, que temos nossa independência e equilíbrios financeiro, emocional e afetivo e que a outra pessoa entra em nossa vida para somar. Cada um por si deveria significar que a gente tem jeito, gostos, metas um pouco diferentes, mas com alguma coisa em comum. E que começa, então, a traçar algumas metas juntos. Deveria ser cada um responsável por um pilar que ergue o castelo e por segurá-lo firme. Deveria significar esforço e dedicação semelhantes na construção do relacionamento. Respeito, admiração, amor... mútuos e equilibrados. Dito assim, parece óbvio e simples. Mas simplesmente não conseguimos, sabe-se lá por quê.

Muita energia gasta com tanto esforço, muitas horas de terapia e reflexão depois do castelinho ter ruído, muitas tentativas de reaver tudo o que perdeu, de convencer o príncipe a lhe dar outra chance, muito tempo sozinha sentindo falta dele, muito mais esforço para não procurá-lo, muitos sapos no caminho, muita boa vontade na tentativa de mudar e se encaixar nos novos padrões, muita ficha que cai... A gente pode conseguir perceber tudo isso, consertar muita coisa, mudar muito ao prestar atenção aos erros e aprender com eles. Pode entender que não precisa de um príncipe pra ser feliz. Mas a gente pode continuar querendo um homem ao nosso lado. E pode não deixar de querer o mesmo homem. E a ficha mais difícil de cair é aquela que nos mostra que justamente quando a gente estaria pronta para viver esse relacionamento mais saudável e mereceria mais do que nunca uma segunda chance, é quando ele tem a absoluta certeza de que simplesmente... não quer voltar.

"É só isso
Não tem mais jeito
Acabou, boa sorte
Não tenho o que dizer
São só palavras
E o que eu sinto
Não mudará
Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais
That's it
There is no way
It's over,
Good luck
I have nothing left to say
It's only words
And what l feel
Won't change

Everything you want to give me
It´s too much
It's heavy
There is no peace
All you want from me
Isn't real
Expectations

Tudo o que quer me dar
É demais
É pesado
Não há paz
Tudo o que quer de mim
Irreais
Expectativas
Desleais

Mesmo, se segure
Quero que se cure
Dessa pessoa
Que o aconselha
Há um desencontro
Veja por esse ponto
Há tantas pessoas especiais
Now even if you hold yourself
I want you to get cured
From this person
Who has poisoned you
There is a disconnection
See through this point of view
There are so many special people in the world
So many special people in the world, in the world
All you want
All you want

Tudo o que quer me dar /Everything you want to give me
É demais / It's too much
É pesado / It's heavy
Não há paz / There is no peace
Tudo o que quer de mim / All you want from me
Irreais/ isn't real
Expectativas / Expectations
Desleais

Now we're
Falling into the night
Um bom encontro é de dois"

(Vanessa da Mata e Ben Harper - "Boa sorte/Good luck")

3 comentários:

  1. Olha... Complicado tudo isso... Mas uma coisa é fato: pare de idealizar e sonhar demais com principes encantados que os sapos à sua volta se transformam em potenciais principes...
    Depois de alguns tombos, desencanei disso e passei a querer um sapo que soubesse conversar comigo de tudo que eu gosto, gostasse de viajar e de coisas simples ao mesmo tempo e que acima de tudo, quisesse curtir a vida junto comigo... Querer, e não procurar! E ele apareceu!!! =)

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  2. Sortudaaaa!!!
    Você tem razão. E o post era justamente sobre isso.
    Obrigada por passar por aqui. Comente sempre que quiser.
    Beijoca!

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  3. Então... aquela história... enquanto o príncipe não vem vai curtindo com os sapos mesmo... um dos sapos pode tornar-se príncipe num dos beijos!!!
    Em fim... continuo querendo um homem... não perfeito, mas dessa vez que goste muito de fazer amor! :D

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